No final da década de 1980 o templo do Crato começa a crescer e desperta o interesse de algumas pessoas. Uma delas, seu Inácio Sales, presidente do templo de Olinda, interessou-se de um modo muito particular. E a razão pelo seu interesse era muito clara: dinheiro e prestígio. O templo do Crato era – para os financistas disfarçados sob um colete de doutrinador – uma mina de ouro. Além disso, seu Inácio desejava todo o Nordeste sob sua jurisdição.
Mas a coisa vinha de muito antes. Desde muito seu Inácio era conhecido no Vale do Amanhecer pelos problemas que arranjava. Aliás, com os devidos respeitos a ele, é fato que seu Inácio nunca se interessou pela essência doutrinária. Tanto assim que tia Neiva, certa vez, pediu que um de seus assessores mandasse publicar em jornal de grande circulação que o templo de Olinda não mais pertencia ao Vale do Amanhecer. Não sabemos se tal conteúdo foi, de fato, publicado. Médiuns veteranos da corporação que pertenciam ao círculo mais estreito da Casa Grande narram com detalhes o fato e não o adentraremos aqui por não fazer parte de nosso estudo.
Ocorre, contudo, que algumas pessoas de alta hierarquia do templo do Crato desenvolviam atividades ilícitas. Seu Inácio ficou sabendo disso e preparou um dossiê a respeito. O documento foi apresentado em reunião em que estavam presentes, além dos dois já citados, Tavares, Batista, Sonia e Chiquinho. A posição adotada pelos três últimos aqui citados, Batista, Sonia e Chiquinho, foi de sair da reunião, já que não havia ali, qualquer propósito doutrinário. Eles também convidaram o Tavares, que se recusou a sair.
Ficaram na reunião o Beto, o Inácio e o Tavares. Sabemos do conteúdo do dossiê. Entretanto, a ética nos impede de o publicizar. Não temos conhecimento sobre o desenrolar daquele encontro. Também não sabemos sobre o destino do dossiê. O fato é que a negociação pretendida por seu Inácio não progrediu e o templo do Crato seguiu independente.