O perigo da crítica ácida

Reflexões sobre a superação do impulso combativo

Amigos e irmãos, salve Deus! Jesus possa nos inspirar em mais esse apontamento, que chega do mundo espiritual a nós outros, tão verdes no sentido das coisas superiores.

Há em nós, espíritos verdes no trato das leis imutáveis, iniciantes ainda nas linhas do respeito, certo impulso, muita vez vazado pelas brechas de nossa invigilância, que nos impele, de chofre, à crítica aos amigos e irmãos quando suas atitudes diferem daquilo que julgamos justo ou certo. Tal postura, embora possa parecer demonstração de firmeza e, por isso mesmo, nobre aos olhos das concepções sociais vigentes, revela-se, sob a luz da sabedoria espiritual, como manifestação de nossa própria imaturidade.

É tempo de entendermos que a crítica – como a temos usado no nosso cotidiano – de forma ácida, inconveniente e destrutiva – pertence, ainda, aos estágios infantis pelos quais transitamos. Quando assumimos esta posição, inserimo-nos, fatalmente, nas lides da violência e tornando-nos, paradoxalmente, irmãos inoportunos aos corações alheios. Tal atitude não se coaduna com o que nos orienta Jesus, o Meigo Messias.

Observemos atentos. Se a verdade não tenta se impor à mentira. Se a humildade não se arroga à vaidade. Se o altruísmo não vergasta o egoísmo, por que nós, desabridamente, desferimos tantas e equivocadas opiniões sobre o que não conhecemos, importunando corações alheios? Falta-nos, amigos e irmãos, a sabedoria do respeito silencioso; somos pobres em ponderação e por isso ainda engatinhamos nas linhas do diálogo fraterno, que se posiciona sem achismos arrogantes, mas em profundo respeito.

Se a verdade não tenta se impor à mentira. Se a humildade não se arroga à vaidade. Se o altruísmo não vergasta o egoísmo, por que nós, desabridamente, desferimos tantas e equivocadas opiniões sobre o que não conhecemos, importunando corações alheios?

Se hoje defrontamos alguém que nos parece errante ou desajustado, insistindo em lides que já não são nossas, não devemos esquecer que este eventual amigo tem sua trajetória, seu cabedal de conhecimento e não está só na grande seara da vida. Se não pudermos ser-lhe úteis com palavras, sejamo-lo no silêncio. Lembremos antes, que a conduta, por mais inadequada de quem quer que seja, não é senão imaturidade, fruto de experiências mal assimiladas ou lições ainda não compreendidas. Lembremos, sobretudo, que somos nós próprios, ainda bastante imaturos.

A crítica, quando não usada com parcimônia; quando não embrulhada nos forros do amor incondicional, é atitude desmedida, agredindo um irmão pelo exercícios de manifestar-se. Em lugar de combater, a sabedoria espiritual nos convida a compreender. Sobretudo, não devemos esquecer que somos nós reincidentes nos descaminhos diversos. Quantas passagens na Terra não desperdiçamos em atitudes que hoje nos causariam, no mínimo, estranheza?

O amor incondicional é justo e misericordioso. Mesmo quando precisa se impor, o faz com ponderação. Quando precisa ensinar, o faz sem humilhação. Ainda que precise intervir, o faz sem soberba. O coração humano assemelha-se a uma flor delicada que desabrocha apenas sob o calor da compreensão e da ternura. Quando submetido ao vento gelado da crítica áspera, suas pétalas se fecham instintivamente, criando barreiras defensivas que impedem qualquer possibilidade de crescimento ou transformação. A alma ferida pela palavra ácida retrai-se, construindo muralhas que só geram distanciamento.

Quando movidos pelo amor incondicional, nossa linguagem se transforma naturalmente. As palavras deixam de ser projéteis lançados contra o alheio para se tornarem convites confortantes ao diálogo. Não se trata de omitir a verdade ou de ser conivente, mas de apresentá-la de forma que possa ser recebida e assimilada, em vez de rejeitada e combatida.

Jesus, o maior exemplo de amor incondicional que a humanidade conheceu, jamais utilizou palavras ásperas para ensinar os que o procuravam. Diante de qualquer situação, mantinha-se suave, penetrante sem ser agressivo, firme sem ser violento. À mulher tida socialmente por adúltera, não dirigiu críticas ferinas como todos o faziam, mas palavras de compreensão. Aos discípulos, aos opositores, aos maledicentes, aos intitulados do Sinédrio, aos polemizadores, enfim, a todos, ensinava com firmeza, mas com doçura. Diligente, sem soberba.

Assim como recebemos compreensão de espíritos mais elevados, nossos mentores e guias – por meio de palavras que nos caem diretamente no coração sem qualquer laivo de agressividade, perfídia ou ironia – devemos igualmente doá-las perenemente àqueles que nos são partícipes nos diálogos da vida. Esta é a sublime lição do Cristo: “Dai o que gratuitamente recebestes”.

Devemos entender definitivamente que compreender é ato de amor puro, desprovido da violência presente na crítica mordaz que faz parte da atitude do combatente contumaz. Reconheçamos no outro nossa própria imagem; somos todos irmãos em aprendizagem eterna. Diálogo é sempre via de mão dupla. E se deparamo-nos com a crítica cáustica, caindo de chofre sobre nós, saibamos que ela não é intencional, mas espasmos de desespero e incompreensão de alguém em momento difícil, mas destinado, como nós, à plenitude espiritual.

Quando substituímos a postura combativa, ácida, crítica, pela compreensão, filha dileta do amor incondicional, não apenas contribuímos para que a vida se torne mais fácil ao nosso próximo, mas tornamos nossa vida mais suave em todos os sentidos. É no exercício da compreensão que nos tornamos colaboradores na obra do Cristo em um mundo ainda marcado pelos embates próprios da violência manifesta também no uso da palavra.

Jesus, o maior exemplo de amor incondicional que a humanidade conheceu, jamais utilizou palavras ásperas para ensinar os que o procuravam. Diante de qualquer situação, mantinha-se suave, penetrante sem ser agressivo, firme sem ser violento.

Escola do Caminho

Que possamos, portanto, depurarmo-nos da aspereza desnecessária, lembrando-nos de que cada palavra proferida é energia vibracional direcionada e carrega o poder de construir ou destruir, de elevar ou rebaixar, de curar ou ferir. Que nossa crítica, quando necessária, seja sempre um ato de amor, não um desabafo de nossa impaciência ou arroubo de vaidade revestidos de falsa virtude. Possamos transcender a infantilidade do combate e abraçar a maturidade da compreensão, construindo pontes onde outros constroem muros, oferecendo luz onde outros propagam sombras.

Salve Deus. Jesus nos abençoe a todos.

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