O Evangelho Redivivo e os limites da religião

Amigos e amigas, irmãos e irmãs! Que Jesus nos inspire em mais essa tentativa de diálogo. Assim como o sol, em sua majestade infinita, jamais poderia ser contido nas paredes frágeis de um pote de barro, o Evangelho Redivivo – essa luz cristalina que emana do excelso coração de Jesus – não pode ser aprisionado nos moldes estreitos de qualquer sistema religioso terreno. A essência divina dos ensinamentos do Cristo possui uma amplitude cósmica tal, que ultrapassa toda tentativa humana de sistematização.

O pote de barro, por mais bem moldado que seja pelas mãos do oleiro, permanece limitado por sua própria natureza material. Suas bordas definem fronteiras; suas paredes criam separações. Da mesma forma, quando tentamos encapsular a universalidade do Evangelho em estruturas religiosas institucionalizadas, corremos alto risco de transformar o infinito em finito, o universal em sectário, a liberdade espiritual em dogma restritivo.

Quantas vezes, ao longo dos séculos, nós e outros tantos erguemos templos que abrigavam tão somente nossa própria sede de poder! O que construímos senão o dourado túmulo de nossos sonhos!? A tentativa de fazer do Evangelho uma religião organizada revela, em sua essência mais profunda, os vícios mais ancestrais da alma humana: é vaidade que se disfarça de zelo; é orgulho que se apresenta como autoridade espiritual; é egoísmo que se forra das roupagens da caridade.

Quando alguém ou um grupo arroga-se o direito de ser o único intérprete autorizado da verdade evangélica; quando estabelece hierarquias politiqueiras, quando cria rituais que separam em vez de unir, está, na verdade, perfazendo a velha estrada dos velhos fariseus que, por suas molduras convenientes, quedaram-se insensíveis mesmo ao indefinível e intraduzível olhar que o Caminheiro oferecia a todos.

Quando tentam institucionalizar o Evangelho, impulso natural no imo de cada ser, nada é, senão a vaidade que sussurra ao ouvido: É o orgulho que declara superior. É o egoísmo proclamado, supostamente escondido sob as vestes do bem-comum.

Tentar fazer do Evangelho Redivivo uma religião institucionalizada, dentro da qual se cobram tributos; dentro da qual cultivam-se dogmas como sustentáculos do desconhecimento; dentro da qual pratica-se a submissão do indivíduo a um sistema como forma de escravidão é um modo de lucrar com a fé cega e ignorante. É, fundamentalmente, um ato de desonestidade. É tentar vender aquilo que o Cristo, pelo intermédio protagonista de Jesus, doa abundantemente. É tentar colocar cancelas onde o Cristo abriu portões. É estabelecer mediações humanas onde Ele ensinou a comunicação direta entre a Terra e os planos iluminados. É plantar para si próprio, lances inenarráveis de dores lancinantes no porvir.

O Evangelho Redivivo nunca foi e nunca será um sistema religioso nem pode restringir-se a qualquer um deles. Jesus não veio fundar mais uma religião entre tantas outras, mas despertar-nos à religiosidade natural – ciência de si sob os auspícios do amor incondicional – estado, ainda latente na maciça maioria dos seres humanos. Sua essência é a autocompreensão, que leva ao amor incondicional.

Como o sol que brilha para todos sem distinção de raça, credo ou condição social, o Evangelho Redivivo destina-se a toda a humanidade. Seus raios penetram tanto na choupana do pobre quanto no palácio do rico; nos altos e herméticos conhecimentos do sábio e no coração do simples. Sua luz não reconhece fronteiras geográficas nem barreiras de qualquer natureza.

Como o sol que brilha para todos sem distinção de raça, credo ou condição social, o Evangelho Redivivo destina-se a toda a humanidade. Seus raios penetram tanto na choupana do pobre quanto no palácio do rico; nos altos e herméticos conhecimentos do sábio e no coração do simples. Sua luz não reconhece fronteiras geográficas nem barreiras de qualquer natureza.

Os templos ricamente ornados; as caríssimas imagens reverenciadas, os sacerdotes condecorados, sobrelevando-se dos seus seguidores, orgulhosos de si mesmos; enfim, os sistemas religiosos da Terra, onde se verifica o luxo e a pompa, o fausto e tantas vezes a ostentação; onde, tantas vezes, os importantes exploram os anônimos, são ambientes totalmente diversos dos ambientes em que encontrávamos o Caminheiro.

A simplicidade é a marca da verdade. Jesus não fundou igrejas, templos, terreiros ou sinagogas – tocou corações. Não se exibiu em teorias hermenêuticas estéreis. Não estabeleceu rituais complexos – ensinou por meio do exemplo. Não criou hierarquias – serviu. O Evangelho Redivivo tem por impressão digital a simplicidade essencial, resistindo a todas as tentativas de burocratização, de institucionalização. Foge à sua natureza aproveitar-se do desconhecimento geral para produzir o conforto de poucos.

Como não há senso e seria absurdo tentar guardar o astro-rei em um recipiente, tentar aprisionar o Evangelho Redivivo nos moldes de uma religião resulta, simples e inexoravelmente, na prisão de si mesmo em teias emaranhadas de dores excruciantes. Que possamos todos compreender que o Evangelho não nos pertence. A Doutrina não nos pertence. Não pertenceu a João, o Evangelista, nem a Paulo de Tarso; não pertenceu a Francisco de Assis nem ao pertence ao Pai Seta Branca; não pertence a Chico Xavier; não pertence à tia Neiva, muito menos aos Zelayas. Também não pertence ao Doutrinador, como pensam e querem uns tantos irmãos. Se há um dono, é Jesus1. Nossa missão não é controlá-lo, mas deixarmo-nos transformar por ele. Não é organizá-lo em estruturas humanas, mas permitir que organize nossas vidas segundo os princípios divinos do amor, da humildade e da tolerância.

A Doutrina não nos pertence. Não pertenceu a João, o Evangelista, nem a Paulo de Tarso; não pertenceu a Francisco de Assis nem ao pertence ao Pai Seta Branca; não pertence a Chico Xavier; não pertence à tia Neiva, muito menos aos Zelayas. Também não pertence ao Doutrinador, como pensam e querem uns tantos irmãos.


Escola do Caminho

O sol continuará brilhando muito depois que todos os potes de barro se desfizerem em pó. Da mesma forma, o Evangelho Redivivo permanecerá eterno, iluminando as consciências humanas muito além de qualquer tentativa temporal de institucionalização. Que nossa humildade reconheça essa verdade, e que a consciência de nossa insignificância nos coloque como discípulos em nossas vidas diárias.

Salve Deus. Jesus nos ilumine a todos.


  1. O processo para se voltar ao Supremo é um ramo de conhecimento diferente, e é
    preciso aprendê-lo NO EVANGELHO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO” (PAI SETA BRANCA, 1980).
    ↩︎

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