Amigos e irmãos, saudações.
Jesus esteja em nossos corações.
Quando falamos nos regentes no âmbito doutrinário, estamos falando de algo que não se constrói em uma encarnação; estamos falando em algo que não se constrói por uma questão de disponibilidade de tempo; não estamos falando de algo que se dê por meros laços sanguíneos; não estamos falando de algo que possa ser transferido de uma pessoa a outra, como acontece em uma empresa; não estamos falando de algo que se dê por uma prática política ou, menos ainda, por uma troca de favores.
A sua regência diz de sua história ao longo dos milênios e encontra razão em eras remotíssimas e imemoriais para nossa personalidade transitória; a sua regência diz de seu comprometimento com a história deste orbe; diz de sua identidade espiritual. Como cada falange, como cada povo tem sua especificidade, sua regência também é algo bastante específico. Nesse sentido, não é porque certa organização não mais funciona; não é porque determinado templo fechou suas portas que sua regência deixou de existir.
Indo além, sua regência está na sua vida; no trato junto aos nossos irmãos; na repartição do trabalho; junto aos familiares; nas festas e comemorações; também nas horas difíceis. Por onde andas, és um regente desse poder. Sem receio de equívoco, podemos afirmar que a regência de um jaguar acontece muito mais nas horas da vida social comum e menos nos rituais dentro dos templos. No silêncio da noite fechada, nas dinâmicas do mundo etérico. Nessas ocasiões acontece o que ninguém vê e, de forma anônima, somos mensageiros, porque temos uma conduta doutrinária ajustada.
Quando isso acontece, estamos em perfeita sintonia com os mentores e o aeon crístico se faz. É uma luminosidade em azul-claro que impregna a todos. A eletricidade presente nos rituais é muito alta; o teor desobssessivo é muito forte. Curas acontecem por diversas formas, tanto no campo físico, como no campo do entendimento sobre a própria vida, na resolução de questões que se arrastam desde longe e nos recartilhamentos do porvir. É o que se via na época de tia Neiva e que alguns médiuns rememoram com saudosismo.
Hoje não mais existe essa eletricidade. Entramos nos templos; presenciamos a realização dos trabalhos; deles participamos; no entanto, hoje há um consenso não admitido de forma coletiva, mas que se verifica em muitos depoimentos isolados, em conversas informais: não conseguimos atingir os níveis de outrora. O que aconteceu?
Uma conjuntura se impôs. Em primeira instância, os verdadeiros regentes não estão posicionados. Não são poucos os templos do Amanhecer cujos presidentes assumiram por caminhos diversos das lides doutrinárias. Não deveriam ser presidentes; o são por uma questão não doutrinária, mas por um jogo de favorecimentos que acontece desde meados da década de 1980 até os dias atuais.
Noutro sentido, não temos uma conduta doutrinária. Assumimos comportamentos que beiram as linhas da hipocrisia; agimos de uma maneira nos templos e somos outros na vida cotidiana. Como não se serve a dois senhores ao mesmo tempo, a força se afasta; chamamos de força a Corrente Indiana do Espaço e as Correntes Brancas do Oriente Maior. Elas se afastam e, no espaço deixado, outras forças chegam e fincam raízes. Como resultado, nos templos, há uma “meia satisfação”. Parece-nos que o trabalho acontece pela metade. O êxtase não acontece. O resultado disso é a frustração que começa a nos visitar e o senso de pesada obrigação para com os rituais. Cada um de nós que chegasse a esse ponto deveria parar e se questionar seriamente sobre os caminhos que nos conduziram a este estado de alma. Porque neste ponto, não há trabalho espiritual. Há simplesmente um “enganar-a-si-mesmo”.
Para onde foi aquela vibração dos nossos dias iniciais na Doutrina? Onde foram parar nossos nobres impulsos de entregar nossa vida a este sacerdócio? O que aconteceu? Precisamos refletir, amigos e irmãos. Precisamos dialogar.
Jesus nos abençoe a todos.