Amigos e irmãos, saudações!
Que a paz de Jesus, o caminheiro, se faça em cada coração.
O Amanhecer, com seus uniformes coloridos, suas formas mesmo extravagantes, seu acervo visual que chama tantos à atenção, é, em essência, a mais evoluída ciência que passou por esse pequeno planeta em transição. É, em essência, o Evangelho Redivivo de Jesus. Mas o desgaste histórico deste termo e as orientações de Pai João, Pai Ananias e tantos outros, trouxeram-nos a expressão “Sublime Canção do Amor”. Ela – essa ciência – sempre acompanhou o homem em sua caminhada, estando presente desde os primórdios do planeta Terra e, de era em era, vestia-se de cores e formas diversas, moldando-se à diminuta compreensão humana numa abordagem carinhosa e didática. O Vale do Amanhecer é mais uma roupagem deste incomensurável ameno doado ao homem pelo augusto coração de Jesus.
Mas essa essência não tem forma, senhoras e senhores. Ela não tem cor. Ela não tem dono; ela não pode ser aprisionada entre as paredes de um suposto templo de paus, pedras, madeira e telhas debaixo das quais nós, incrédulos em desespero, nos reunimos. A expressão mais genuína desta ciência está na natureza: os rios, as cachoeiras encantadas, as montanhas, o sol e a lua; os vales silenciosos; as planícies verdejantes onde os ventos brincam sua liberdade. São estes cenários que guardam a essência desta ciência. Nestes cenários sentimos a grandeza infinita que emana de Jesus aos nossos corações.
Conhece essa ciência e a opera o lavrador, o agricultor, a dona de casa simples, sem leitura, sem escrita; sem colete, sem fita, sem capa; sem emissão, nem canto; e o faz pela simplicidade, pela ausência da ambição; porque entende e sente os demais – semelhantes ou não tanto – como irmãos.
– E quanto a nós!? Perguntou-me um médium do Vale do Amanhecer claramente ofendido com a minha colocação.
– Nós, meu irmão, tentamos fazer desta ciência uma religião e assim dominar nossos semelhantes, auferindo desta dominação variadas formas de lucro injustificável. Mas esta ciência não aceita esta nossa tresloucada pretensão nem se verga ao ridículo de nossa vaidade e esquizofrenia. Então se retira. E, em se retirando, ficamos sós.
– Nunca! O mundo espiritual não nos abandonará jamais!
– Depende do seu conceito de abandono, meu irmão. Respondi-lhe eu… Se você me chamar para roubar um banco, não vou contigo. Mas meu afeto por ti não mudará.
– Não entendi, replicou ele.
– Explico-lhe: nós não estamos sós em nossas impossibilidades; não estamos sós naquilo que ainda não os é possível. Não estamos sós nas verdadeiras dores que trazemos conosco. Nisso, o mundo espiritual não nos abandona. Mas estamos sós em nossas conveniências; estamos sós em nossa cupidez; estamos sós no nosso desejo de explorar o outro; estamos sós no nosso financismo; estamos sós na nossa gula por dinheiro; estamos sós em nossas mentiras e mesquinharias. Não nos fiemos de que vamos desencarnar e sermos recebidos pelos anjos celestiais. Muito mais fácil é deixarmos o corpo ao caixão e nos encontramos com os irmãos de nossos padrões infernais…
Ele inquietava-se na cadeira, não concordando e procurando argumentos com os quais pudesse reagir, refutar aquelas taxativas tão à mesa. Terminei minha fala, esperando pelos seus argumentos. Mas ficamos em silêncio. O tom era de reflexão.
Creio que dois minutos transcorreram…
– Precisamos refletir, disse eu.
– Precisamos, disse ele.
A conversa não se adiantou muito mais depois daí…
Cada um tomou o rumo de sua casa. No céu havia uma meia-lua.
Crato, outubro de 2024…