Essência vesus forma: o que é real na vida?

Primeiramente, vamos nomeá-la. Vamos materializá-la: neuro-almal ou, se quisermos um termo mais simples, alma. Utilizamos a metodologia de dar-lhe um nome porque essa é a didática usada no antigo oriente, referenciado hoje, na Doutrina como Oriente Maior. Quando nomeio o imaterial, passo a enxergá-lo mais claramente. Conhecimento dos antepassados, dos antigos Vedas, da distante Indochina.

Esse neuro-almal ou simplesmente alma é o nosso ego. Ele deseja as coisas da Terra: dinheiro, poder, influência, enfim. Ele busca triunfos, orgulhos e vaidades e, por isso, luta contra o que chamamos de individualidade. A individualidade, vamos ficar com esse conceito por agora, são nossos valores espirituais. Dentro de cada um de nós, desta maneira, existe uma luta entre alma (ou neuro-almal) e individualidade. Jesus, o meigo amigo, referia-se a essa alma quando nos alertava: “de que vale conquistar o mundo e perder a si mesmo”?

Em uma carta aberta de novembro de 1977, tia Neiva alerta: “sabemos que a alma revela-se por seu pensamento e, também, pelos seus atos, porém, nem por isso devemos nos escravizar”. Tia Neiva – referendando as nossas colocações iniciais – deixa claro que a alma tenta nos escravizar. Tenta porque sua base, seus objetivos são posses, domínio e poder. Em sua busca por saciedade, a alma quer fazer prevalecer seus valores egoístas.

Mas essa busca não é inteligente porque que a busca pelo domínio parte do instinto; encontra lastro no impulso mais preliminar; emana do princípio básico e elementar de sobrevivência na Terra. Encontra raízes nos padrões de vida animal que se caracterizam por uma extrema e constante competição.

Assim – com vistas a dominar seu meio, competindo com os demais – comportam-se o leão, o tigre, a serpente. Observemos o que acontece na vida das florestas: vive-se uma competição pela vida, na qual o mais forte prevalece. Nós, seres humanos, temos isso em nossa memória. De modo bastante condicionado, ainda enxergamos o outro como rival, não como irmão. Competimos com os demais. Competimos uns com os outros. Prova disso é o que acontece no mundo todos os dias e que salta aos nossos olhos quando nos sentamos diante dos telejornais.

Contudo, ressaltamos: a inteligência não se nutre da competição nem do domínio. Não se apraz com a posse. Não se interessa pelo poder. Não se congraça com a simples aparência das formas. O único elemento ou o único movimento – se é que podemos chamar assim – que pode nutrir a inteligência é o mergulho na essência das coisas. 

Quando nos referimos à essência, estamos vos querendo significar que a inteligência se nutre daquilo que está para além das formas. Pouco importa, para a inteligência, a roupa que vestimos. Não lhe interessa se possuímos este ou aquele bem material. Não importa se estamos vestidos em uma bela indumentária iniciática ou não; é indiferente se estamos no templo, na rua ou em casa.

Alguns segmentos chamam essa essência a que nos referimos de verdade. “Essência” ou “verdade”, não vamos entrar nesse mérito. O que importa é que a inteligência nutre-se dessa essência. Formas não significam nada neste contexto. 

Se aplicarmos este conceito na vida cotidiana, sobretudo no universo dos sistemas filosófico-religiosos, podemos ilustrar um quadro muito comum: no físico, está o indivíduo ali, professando diante dos altares; ajoelhado em frente a uma estátua, uma imagem qualquer; uniformizado ou não. Mas no etérico da vida, sua alma entrega-se a toda sorte de desregramentos, alimentando, dia após dia, vícios e mais vícios. Entendamos, amigos, que a hipotética figura do homem ajoelhado diante das imagens, numa suposta prece, não é real.

No Amanhecer não é diferente e este fenômeno é absolutamente comum. Amigos e irmãos, salve Deus! Tenhamos cuidado! Se eu estou em um trabalho no templo; se estou uniformizado, na mesa, nos tronos ou em qualquer outro setor de trabalho, mas o meu pensamento, a minha atenção e o meu sentimento não estão ali; se minha presença é somente física, então, de fato, eu não estou presente àquele trabalho, não estou presente àquele momento. No que diz respeito aos mentores, nem é feito o meu registro, porque eles nem nos enxergam. Não achemos, amigos e irmãos, que a vida é uma questão de corpo. Uma sala repleta de cadáveres não tem ninguém.

É como se somente  uma fotografia minha estivesse lá. Nessa situação hipotética, sem qualquer receio de equívoco, podemos afirmar que não houve trabalho espiritual. Em essência ou em verdade, não estou no templo. Estou numa tentativa tola de enganar a mim mesmo. Estou somente gerando desequilíbrios futuros ou, se quisermos utilizar um termo mais conhecido, estamos somente gerando carma.

 

Salve Deus!

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