Acreditas, realmente, que somente aos braços foram conferidas atribuições de serviço na senda do Evangelho? Saibamos todos que, quando não for possível entregar-se ao trabalho fisicamente, os ouvidos, quando ouvem com amor, contribuem na grande obra de Jesus a este planeta. Os pés, quando sabem caminhar e tocam a terra com reconhecimento e gratidão, irradiam amor que chega até onde se faça necessário. Longe dos púlpitos, dos palanques, dos altares, a palavra usada nos caminhos do amor que Jesus nos ensina e dita ao amigo em momento difícil vai além, alcançando distâncias que nossa percepção não pode de imediato conceber. Mesmo quando a palavra não puder ser pronunciada, a vibração do coração, no aparente silêncio, vence distâncias e rompe dimensões, alcançando seu nobre objetivo, porque não há distância nem tempo quando estamos seguros no amor incondicional.
Quando não pudermos estar nos templos, nas igrejas, nas sinagogas, lembremos que o universo é o grande templo de Deus. Acaso os índios, os exilados e degredados, distantes das cidades, legados ao isolamento, restritos de liberdade, estariam apartados do amor de Jesus? Claro que não. Finquemos, então, nossos pés no essencial. E o essencial é o amor a todos, indistintamente. E este, quando sentido nas fibras mais íntimas do coração, não precisa de nada, de nenhum artifício humano para ser transmitido e sentido em todos os lugares.
A lua, quando brilha, irradia esse amor. Da mesma maneira o sol. As chuvas quando caem saciando a sede da terra, das plantas e dos animais é plena deste amor. O chão que pisamos tem a mesma têmpera. O ar que respiramos em doces haustos é porção de amor que inspiramos. As florestas e os desertos, as montanhas e os oceanos! Tudo enfim, que possamos conceber e divisar é retrato fiel deste amor, ensinando-nos a cada instante, de tal maneira que não há uma criatura sequer, dentro ou fora dos templos, perto ou longe das cidades, que esteja apartada deste amor.
Assim é.