A Missão do Nordeste: primeiras palavras
“Saibam meus filhos, que Deus tudo controla, tudo assiste. Sim tudo obedece um alinhamento missionário. Tudo define-se dentro de um sacerdócio. Filhos, a graça divina assistente incansável de vossos passos, sempre lhes proporcionará definições ajustadas ao grau individual de cada um. Não vos quero ambicionando funções, treinando soldados, esquematizando rituais; não filhos, não é isso. Vejam filhos, o dia coroa o homem de pétalas; a noite fecunda a vida em seu silêncio e vós outros, edificados na função simétrica, encontrarão as soluções. Porque filhos, vidas buscam vidas, como o bem descarta o mal. Assim, na majestade criadora, cada indivíduo desenha seu próprio caminho. Saibam justificar o poder de que são portadores; obedeçam ao convite da simplicidade e amparados pela humildade serão guiados por esses caminhos, ensinando formas, cores e fornecendo o material adequado aos aprendizes”. Pai João de Enock, 1987.
Meus amigos e irmãos! Senhoras e senhores dos templos do Amanhecer no Cariri cearense. Pedimos que recebam nossos manifestos de profundo respeito. Primeiramente, agradecemos a todos aqueles que se dedicarem à leitura desta palavras; agradecemos profundamente pela atenção dispensada. Segundamente, pedimos que não nos tomeis como pretensiosos ou como aqueles que pretendem lançar verdades. Ninguém as tem de forma definitiva. Efetivamente não se trata disso. Mas há imperativos que, como o próprio nome nos sugere, exorbitam em importância. É em nome desses imperativos que aqui nos colocamos.
Como todos sabem, os templos do Amanhecer se multiplicam em nossa região e, triste verificar, multiplicam-se o desconhecimento, o baixo mediunismo, como aumentam os níveis de superstições e de inverdades divulgadas abundantemente por diversos meios. Mas apesar de todo esse infausto e precário contexto, há um debate em curso. Sentimo-nos parte desse debate porque somos parte da história da Missão do Nordeste. Em assim sendo, não podemos nos furtar ao diálogo. Portanto, temos e sentimos o dever dessa participação.
Não se deve, entretanto, esperar destas linhas que se seguem, suavidades ou amenidades. Temos um testemunho a dar. Testemunho este que diz respeito a tudo que ouvimos e registramos durante todos estes anos na presença particular de Pai João de Enock. Não temos compromissos senão com a espiritualidade maior. Ressaltamos: não nos veste o desejo de qualquer laço político com o templo-mãe nem com qualquer outro templo, como temos visto ao longo destes tantos anos.
Muito se falou e muito se tem falado sobre a Missão do Nordeste. No entanto, por nosso termo, sem nada intencionar, devemos dizer que considerável parte do que se divulga não passa de ignorância e desconhecimento. São desconhecedores, que sem uma base que lhes permita falar, divulgam somente o seu desconhecer. Estes imprudentes são muitos. Um dos canais preferidos deles são as redes sociais. Nas diversas páginas em profusão, sem nenhum critério ou controle, divulgam um conteúdo, na maior parte das vezes, ilegítimo, antidoutrinário, tendencioso, personal. Divulgam o que não conhecem. Divulgam o que ouviram falar. Mas, como nos ensina Pai Seta Branca, “o homem só dá testemunho do que conhece”. Ouvir não é conhecer.
Outra parcela destes desconhecedores está nos radares e, por meio de palestras, cursos, reuniões e diversos processos instrutivos presentes na dinâmica dos templos, igualmente divulgam um conteúdo diametralmente distoante do que ensinou Koatay 108. São médiuns que, por meio de uma hierarquia, terminam por divulgar inverdades próprias de uma antidoutrina e o fazem em larga escala.
Uma pequenina, mas considerável e determinante parte reveste-se de graves conveniências. Tais conveniências não seriam graves se permanecessem na esfera da vida pessoal de cada um. Mas se tornam graves porque afetam muitas, muitas vidas. Estas conveniências têm persistido e criado raízes profundas ao longo de tantos anos porque certos irmãos, pioneiros desse movimento no Cariri cearense, numa resistência desproposital, insistem em adotar políticas e diretrizes opostas a tudo que foi ensinado por Pai João de Enock. Falamos, meus amigos, dos três principais comandantes deste movimento conhecido como “A Missão do Nordeste”.
Sabemos, amigos, que há um grande amor a envolver todos dessa tribo espalhada pelo Cariri, como há um grande amor a envolver os que vieram de Brasília ainda nos anos 1980. Sabemos também que ao longo desta jornada, muitos foram os enganos, os mal-entendidos, os desentendimentos, as discordâncias devido a inúmeros fatores. Há que se considerar que todos chegaram aqui muito novos, nos seus vinte-e-poucos, trinta-e-poucos anos. Sabemos que a juventude nos enche de arroubos, de ímpetos muitas vezes justos. Mas essa mesma juventude nos é econômica em termos de serenidade, paciência e compreensão. Passados tantos anos; vividas tantas experiências de todas as partes; agora que os ímpetos juvenis arrefeceram e os primeiros albores da maturidade chegam, não seria a hora da tentativa de um diálogo?
Caso contrário, amigos e irmãos, qual o legado que deixaremos? Um grupo crístico no qual os principais membros não se falam? Que nome se dá a isso, meus amigos?
Enquanto não surge, da parte de ninguém, uma iniciativa realmente pautada nos ensinos de Jesus, um lamentável cenário se apresenta: indumentárias cada vez mais belas; emissões cada dia mais altissonantes que não reverberam nada além de nossa tristeza diante de tudo que se apresenta; coletes cada vez mais condecorados com broches que emitem, como diz o Pai Seta Branca, “um baço brilho”. Na esteira industrial desta malfadada e falsa linha produção de médiuns, regentes e mais regentes, templos e mais templos surgem diuturnamente, como num comércio sem propósito, mercadejando com vidas. Ilusão mais ilusão. Será que não estamos a viver uma grande mentira, meus irmãos? De que nos valerá todo este acervo se não somos capazes de sentar para tomar um café e conversarmos de coração aberto? Onde estão os mestres Tavares, Chiquinho e Batista? Por que não se abraçam? Por que não unem esse povo?
A história da “Missão do Nordeste” ficará marcada por velhos jaguares emburrados em suas pobres e orgulhosas convicções? Ficará marcada, “A Missão do Nordeste” pelo fato de a cada dissidência surge um novo templo? Onde há amor, há compreensão. Jesus nos ensina: “antes de dizer ‘senhor, senhor’, reconcilia-te com teu irmão”. De que vale um templo, quando só fortalece e justifica o meu orgulho? De que valem todos estes templos? Bastava um, meus amigos. E se houvesse muitos, como há, que sejam, então como um. Ou nada disso valerá um ceitil.
Usamos tais palavras; posicionamo-nos de tal maneira num testemunho de lealdade para com o espírito da verdade e em respeito a toda a história da Missão do Nordeste. Por isso, temos pago um preço muito caro. Ao longo de tantos anos empenhados neste sacerdócio, muitos foram e muitos têm sido os amigos que nos ajuízam. Entristece-nos receber este ajuizamento, sobretudo quando sabemos que veem de irmãos muito diletos. Não temos, contudo, o direito de recuar em face do que um dia juramos: “JESUS, ESTA ESPADA APONTADA AO MEU PEITO É O TESTEMUNHO VIVO DO QUE TE POSSO DAR. FIRA-ME QUANDO MEU PENSAMENTO AFASTAR-SE DE TI”.
Sabemos dos rigores e das exigências que se apresentam aos presidentes dos templos. Conhecemos tal expediente na própria pele. Conhecemos os ingentes esforços destes muitos irmãos que se entregam de forma totalmente abnegada ao comando dos templos. Contudo, meus irmãos, temos certeza de que o presente cenário da Doutrina do Amanhecer no Cariri cearense está muito distante do que pretende Pai João de Enock.
As provas se fazem presentes para quem as puder ou quiser enxergar. Oportunamente, nos referiremos a este ponto. Mais importante agora, nestas primeiras palavras, é deixar claro que fatos que durante todos estes anos foram ocultados porque poderiam causar algum tipo de contenda ou mal-estar não podem mais permanecer restritos a um grupo pequeno, como tem sido até agora. Entendemos que tal providência trará grandes benefícios a todos. Que o Pai Seta Branca possa nos inspirar neste estudo. Salve Deus.